Magno Malta diz que esquema é nacional e prolonga investigação

Depois de colher os primeiros depoimentos de vítimas e testemunhas de um suposto esquema de abuso sexual a coroinhas em Arapiraca (AL), e da confissão de um padre acusado, o presidente da CPI da Pedofilia, o senador Magno Malta (PR-ES), afirmou que, ao contrário do que imaginava, o esquema descoberto em Alagoas é "muito grande” e pode não ser restrito ao Estado.


“É surpreendente e deu para ver que o esquema é muito grande. O monsenhor Luiz Marques Barbosa já foi capelão em São Paulo e essa coisa tem ramificação. Podemos estar diante de um esquema nacional. Vamos investigar”, assegurou, no intervalo entre os depoimentos, que aconteceram neste final de samana no Fórum da cidade.


Diante do volume de denúncias recebidas desde a sexta-feira, 16, o senador já pediu o adiamento da apresentação do relatório final da CPI – o prazo salta de maio para novembro. “Temos muita coisa a investigar ainda”, adiantou Malta.

Com depoimentos previstos apenas até este domingo, 18, o senador, que comanda os trabalhos na cidade do agreste alagoano, já prevê um retorno em breve ao Estado. “Vamos ter mais oitivas em Brasília, mas pela quantidade de supostas vítimas que nos procuraram aqui, é bem provável que tenhamos que voltar por pelo mais três dias em Arapiraca”, disse.

Neste sábado, 17, a CPI fez um convite formal ao bispo da Diocese de Penedo, Dom Valério Brêda, para que prestasse depoimento até este domingo, 18. Ele foi citado no depoimento do padre Edílson Duarte, que afirmou que Brêda era conhecido pelos padres acusados como “Vera Fisher”, além de outros relatos de vítimas que afirmam que ele foi informado de todo o esquema em março do ano passado.

“Ele está sendo convidado, e não intimado, e não terá nenhum problema se não vier. Mas acho que ele deve explicações à sociedade católica alagoana, e seria muito interessante que ele viesse explicar tudo aqui”, afirmou.

Confissão “fundamental”

Malta considerou fundamental a confissão de que abusou de coroinhas do padre Edílson Duarte. “Foi uma confissão que comprova as denúncias e se torna pedagógica, porque abre caminho para que os outros façam isso. Ele tem muita coisa a apresentar à CPI e às autoridades de Alagoas que comandam as investigações”, assegurou.

Edílson teve direito a delação premiada e passou a ser ouvido reservadamente não só por membros da CPI, como por integrantes do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil.

Fonte: MAGNO MALTA/UOL